sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Páginas Soltas #2

Quem és tu? Que me faz sonhar, construir castelos de fumo, muralhas seguras pelo fio do pensamento...
Quem és tu afinal? A cura? A redenção? O recomeço? Ou o fogo-fáctuo imaginário de uma construção fictícia cujos pilares são a minha insegurança.
Quem és tu? Procuro respostas no vazio em que se transformam a multiplicidade das perguntas.
Quem és tu? Que um dia ilumina e irradia uma luz quente e acolhedora e, no outro, se transforma no frio mais agreste, cortante e doloroso e nas trevas dum negro de pesadelo de criança.
Quem és tu... afinal? Será que a resposta à pergunta está na questão em si? Não. Está aqui, em mim, sempre esteve, sempre estará, num contínuo ciclo, numa espiral sem rumo.
A resposta... Sou eu.
Olho para ti e vejo-me. Tu és eu. Sim... o que tu és é o meu sonho tornado real.
E se fores só um sonho? E se fores só aquele ponto distante que nunca conseguimos alcançar. Porque não está lá... somente por isso.
E se fores uma ilusão criada pelo mais hábil e sublime mago? Para me iludir...confundir...hipnotizar...
Mas... afinal quem és tu? Que irrealidade é esta que me rodeia? Que palavras foram aquelas? Que carinho foi aquele? que sorrisos foram aqueles que me tranfiguraram os dias? Que foi....tudo isto?
Foi real... foi tudo real. Como este caderno onde escrevo num rápido arrastar da caneta pelo papel.
Agora...penso... tudo se resume à minha interpretação. À minha construção imaginária. À minha vontade de segurar aquele raio de luz, clor e plenitude de que é feita... talvez... a felicidade.
A questão ou a sua resposta reside aqui...nas linhas que escrevo, nas linhas que vão sendo escritas, nas que ainda serão escritas, desenhadas pela minha mão que treme, pelo meu coração que chora e ri, pelo meu ser que se guerreia consigo mesmo.
A resposta. A pergunta. O jogo de viver. Pergunta e resposta. Decisão...Indecisão... Caminhos cruzados, palavras cruzadas, rumos cruzados num ponto do horizonte que foge, como o sol que se esconde no mar sem promessas de voltar a nascer.
Será aí que nos encontramos? Será aí? Nesse lugal sem tempo que não pertençe a ninguém nem ao real?
Ou não?
... e um dia, finalmente um dia... nos encontraremos no plano tangível do dia que nasce, da terra que pisamos, do ar que respiramos, da luz que nos envolve.
E aí, olhando nos olhos um do outro, sentindo as tuas mãos nas minhas, acariciando o teu rosto... serei eu e serás tu... que também sou...eu.
Simples e finalmente...serei EU.

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