sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

ÚNICO

Respirar... há quanto tempo não ouvimos o som da nossa respiração? Compassadamente, sentindo o ar entrar lentamente no nosso corpo...fluir e deixá-lo escapar-se com a leveza de uma pena, libertando-o de volta ao ciclo ininterrupto da natureza.

Olhar... há quanto tempo também não vêmos para além do perímetro da visão, do macilento dos nossos dias, da matiz distorcida das nossas horas, do mais fugaz dos nossos segundos e assumimos a coragem de contemplar, com a inocente mas tenaz curiosidade de uma criança, desde as mais altas montanhas, os mais vastos oceanos ao simples contorno de um sorriso ou uma gota de chuva que desaparece engolida pela terra mãe.
Readquirir a profundidade do olhar e dizer convicto "Eu hoje vi mais longe."

E por fim ... Sentir...o suave toque de uma mão no nosso rosto, percorrendo-o levemente, sentindo os dedos deslizar, sem pressas nem porquês, em cada linha, cada traço, cada poro até abrirmos os olhos e despertamos para a doçura de outro olhar que sem palavras, no silêncio do momento despido de razões, constrangimentos e pudores ... murmura "Amo-te."

E assim, na unicidade dos múltipos sermos, verdadeiros, convictos, despertos e únicos, comungaremos enfim com a terra, na experiência impar dos nossos dias, com a imparável força de uma onda e a leveza de uma fresca brisa de montanha.

2 comentários:

Daniel Fonseca disse...

"Respirar... há quanto tempo não ouvimos o som da nossa respiração?"

Olha lá, oh asmático, já há medicamentos para isso, por isso é que os outros já não fazem barulho! ;)

Nem devia brincar/gozar com um post tão inspirado, ehehe, mas foi o que me "alembrou" mal li o início.

Grande abraço

MFA disse...

Não me fales em medicamentos por favor....:P
Thank´s D :) mas para ouvires o som da respiração procura o som do silêncio...Aquele q ouvimos no alto dos montes.
E agora vou sair para comprar uma emb. de pulmicort eheheh